top of page

Gestão do Câncer no Brasil: Necessidade de Ajustes Imediatos - Cobertura do evento do dia 12/11/2021

  • Foto do escritor: FórumDCNTs
    FórumDCNTs
  • 18 de nov. de 2021
  • 5 min de leitura

Atualizado: 12 de jan. de 2022

Na tarde da última sexta-feira (12), o FórumDCNTs promoveu o painel Gestão do Câncer no Brasil: Necessidade de Ajustes Imediatos”. O evento teve como objetivo entender o que precisa ser melhorado para reduzir morbimortalidade por câncer; identificar estratégias com resultados concretos para prevenção e tratamento efetivo da DCNT; e planejar programas e políticas de saúde que possam reconstruir melhor os sistemas e ambientes públicos e privados para prevenir, diagnosticar e tratar neoplasias.

ree

Participaram do encontro Dr. Mark Barone, coordenador do Fórum, Sr. Antônio Silva (Roche), Sra. Nayara Landim (TJCC), Sra. Marília Albiero (ACT Promoção da Saúde), Dra. Leticia Katz (SES-PE), Dr. Augusto Mota (SBOC), Dra. Maria Braghiroli, (ICESP) e Dra. Patrícia Izetti (SAPS-MS). Na abertura do painel, Dr. Mark Barone citou os fatores de risco para o desenvolvimento de DCNTs, sobretudo o câncer. “Uma pessoa com diabetes tem risco maior de desenvolver alguns tipos de câncer”. Dentre as doenças crônicas motivadas pelas mortes precoces, o câncer representa 18,85%.

ree

Sr. Antônio Silva destacou que a preocupação da Roche, é buscar soluções para que o sistema de saúde seja mais sustentável, detectando doenças mais precocemente e permitir que o tratamento seja destinado àqueles que precisam.

Já a Sra. Nayara Landim, do movimento Todos Juntos Contra o Câncer, contou que a organização está fazendo uma pesquisa com pessoas que vivem com câncer. Segundo ela, um a cada quatro pacientes ainda sofrem com os impactos da pandemia para fazer seu tratamento. O estudo também apontou a desaceleração de gastos com procedimento cirúrgico oncológico no período da pandemia. “Precisamos de soluções estruturais no sistema de saúde e ações rápidas e coordenadas para mitigar o impacto de médio prazo na oncologia”.

ree

Após a abertura, a Sra. Marília Albiero, ACT Promoção da Saúde, explicou que os 20 tipos de câncer perpassam fatores de risco, entre eles estão a obesidade, inatividade física, alcoolismo, tabagismo e má alimentação. “Tabagismo ainda é a principal causa dos novos casos de câncer no Brasil”, explica. Segundo ela, as políticas públicas contra o tabagismo foram as que mais avançaram, no entanto, a “indústria do tabaco cria novos produtos e traz impactos grandes”. Na ocasião, a Sra. Albiero fez o lançamento da nota técnica "Câncer, é possível eliminar fatores de risco".


Albiero diz que é necessário ter um conjunto de políticas públicas para que os fatores de riscos sejam mitigados em nossa sociedade. Entre os exemplos que apontam a ausência de boa políticas está o fato de a comida saudável tem um valor superior que os ultraprocessados em nossa sociedade, o que se transforma em um obstáculo para estilos de vidas mais saudáveis.

Já a Dra. Leticia Katz, da Secretaria Estadual da Saúde de Pernambuco, destacou a importância da atenção primária para a prevenção da detecção do câncer e o trabalho em seu estado. Ela explicou que Pernambuco fez um plano de retomada da prevenção e detecção do câncer de colo e de mama em julho de 2020. “Fazemos o rastreio organizado das mulheres cadastradas no sistema de saúde”. O trabalho da secretaria é orientar os profissionais da saúde e fornecer informações da situação das mulheres do estado, dando prioridade aos casos mais graves.


Dr. Augusto Mota, SBOC, trouxe para o evento uma perspectiva jurídica sobre a temática. Segundo ele, acórdãos do TCU apontam que não houve avanços na temática oncológica. Ele destacou a importância de descentralizar o atendimento oncológico. Para ele, casos mais simples deveriam ser tratados em centros menores e os mais complexos serem encaminhados para centros maiores.

A Dra. Maria Braghiroli, do ICESP, aponta que os pacientes se apresentam quando estão em estágios mais avançados do câncer e isso piorou com a pandemia, pela dificuldade ao acesso a consultas, os exames necessários para um diagnóstico complexo.

Dra. Patrícia Izetti, do SAPS do Ministério da Saúde, falou como a atenção primária tem se organizado para se integrar com a especializada no diagnóstico precoce e tratamento de câncer no Brasil. Segundo ela, a aplicação de doses da vacina do HPV, que previne o câncer do colo de útero, tem sido bom mesmo durante a pandemia no país.

ree

O mesmo, porém, não se pode dizer dos exames. Patrícia disse que houve redução de 42,6% de atendimentos para rastreamento do câncer de colo de útero e 48,7% em relação ao câncer de mama. Segundo ela, o Ministério da Saúde destinou dinheiro para que os municípios promovam iniciativas para que as mulheres busquem fazer os exames de prevenção e detecção.

Na última parte do encontro, os painelistas foram convidados a responderem perguntas e fazerem suas considerações finais.

Questionada sobre a importância da busca por uma segunda opinião médica nos casos de câncer, Dr. Augusto Mota, afirmou ser válida essa procura, porém destacou a importância de refletir sobre o problema que se enfrenta para conseguir realizar o diagnóstico no país. “Do número estimado de biópsias para detectar câncer de próstata só 4% é feito. Como queremos pensar em lapidar e melhorar a esfera terapêutica se temos tamanho gargalo do diagnóstico?”, questionou.

ree

Dra. Leticia Katz, da SES-PE, também focou na importância do diagnóstico e do acompanhamento para oferecer um tratamento adequado às pacientes. “Se você chama a mulher, diagnostica e não trata, você estressa o sistema. Por isso é importante capacitar os médicos no tratamento das lesões”. Segundo ela, há inúmeros casos no estados de mulheres com câncer do colo de útero que não deram prosseguimento ao tratamento e que o rastreamento delas é fundamental.

Já Dra. Maria Braghiroli, ICESP, lembrou que no casos de alguns câncer, o diagnóstico pode ser bastante difícil e complexo, necessitando de muitos exames e profissionais capacitados para a detecção.

ree

Ainda durante o debate, a Dra. Patrícia Izetti, representante do Ministério da Saúde, destacou a necessidade de alterar a forma de trabalho no atendimento primário. Se nesse primeiro atendimento o foco estava em não pedir exames que pareciam ser desnecessários, agora é importante treinar profissionais a pedir exames para não atrasar tratamentos dos eventuais diagnósticos de câncer.

Questionada por um participante do evento sobre como a tributação no país pode contribuir para a melhoria da saúde, a Sra. Nayara Landim, do TJCC, afirmou que estamos em um momento que é preciso vigiar para não haver retrocessos. Segundo ela, há riscos de o custo de medicamentos, incluindo os oncológicos, aumentarem com a reforma tributária debatida no Congresso.

Na mesma linha, a Sra. Marília Albiero, do ACT, destacou que “vivemos um mau uso das nossas escolhas fiscais”. Segundo ela, o Brasil não só não tributa, como desonera produtos não saudáveis.

Já o Sr. Antônio Silva, da Roche, lembrou que o sistema de saúde requer sustentabilidade e convidou o poder público e privado a olhar para casos que funcionam bem no país ou no mundo e amplificar para outras regiões. “Iniciativa privada pode trabalhar de mãos dados com o setor público para avançar. O diagnóstico é o que faz a diferença na vida das pessoas e esse tem que ser o esforço coletivo.”



ree

Na Imprensa

 
 
 

Comentários


bottom of page