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Recomendação ao Ministério da Saúde sobre Condições Respiratórias Crônicas é endossada por 33 especialistas

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    FórumCCNTs
  • 10 de out.
  • 18 min de leitura

A carta de recomendações abaixo, documento produzido pelo GT Condições Respiratórias Crônicas do FórumCCNTs, em colaboração com a Coalizão Cheios de Fôlego, e aperfeiçoado com o auxílio de especialistas participantes do evento "Asma, DPOC, Rinite e Polipose Nasal: Definição de Compromisso para Melhorar o Cenário no Brasil", foi encaminhada nesta data aos/às seguintes secretários/as do Ministério da Saúde: Dra. Ana Luiza Caldas (SAPS), Dra. Fernanda de Negri (SECTICS), e Dr. Mozart Sales (SAES).

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O Fórum Intersetorial de Condições Crônicas Não Transmissíveis no Brasil (FórumCCNTs), iniciativa que visa fomentar parcerias entre o setor público, empresas privadas e entidades do terceiro setor, alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 17 (ODS 17), vem respeitosamente apresentar este documento (também disponível em nosso site) com recomendações para aprimorar as estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento das condições respiratórias crônicas mais prevalentes no Brasil, com ênfase em asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), rinite e polipose nasal.


Atualmente, o FórumCCNTs conta com a participação de mais de 250 instituições comprometidas com o alcance da meta 3.4 do ODS 3, que busca reduzir, em um terço a mortalidade prematura por CCNTs até 2030. Esse compromisso se reflete na elaboração desta carta, assinada por dezenas de especialistas e organizações, que representam milhões de pessoas que vivem com CCNTs no Brasil. Destacamos, nesta ação, a parceria com a aliança de entidades dedicadas às condições respiratórias, Coalizão Cheios de Fôlego, e a liderança do GT Condições Respiratórias Crônicas, do FórumCCNTs.


Esta carta de recomendações tem como objetivo explorar os desafios estruturais e específicos que levam ao subdiagnóstico, diagnóstico tardio e tratamento inadequado de asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), rinite, polipose nasal e outras condições respiratórias crônicas (CRCs).  Ademais, demonstrar os protocolos clínicos e políticas públicas estruturados pelo Ministério da Saúde e outros órgãos,  além dos meios para uma mudança no cenário de enfrentamento às condições respiratórias crônicas. Para isso, apresentamos aqui os desafios estruturais e específicos associados às condições respiratórias mais prevalentes e fatais na população brasileira, bem como a epidemiologia dos casos, as formas de prevenção, diagnóstico e tratamento.


As CRCs são um problema de saúde pública em todo mundo, sobretudo nos países em desenvolvimento1. Segundo dados do Global Burden of Disease, no ano de 2017 as CRCs causaram 3,91 milhões de mortes, sendo os países membros do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) responsáveis por 61,58% das mortes1. Em 2021, as CRCs apresentaram 468,3 milhões de casos prevalentes e 4,4 milhões de mortes globalmente2. Além disso, as CRCs representam a quarta causa de morte no mundo e a oitava no Brasil no mesmo ano1. Dentre as CRCs, destacam-se a doença pulmonar obstrutiva crônica e asma, que representaram, respectivamente, os maiores casos de morte neste grupo de condições em 20192. Ademais, também vale citar a rinite3 e rinossinusite crônica e polipose nasal que causam grande impacto na saúde da população. Tais condições afetam a qualidade de vida e podem provocar incapacidade nos indivíduos afetados, causando grande impacto econômico e social. As limitações físicas, emocionais e intelectuais que surgem com a condição, com consequências na vida das pessoas com CRC e de sua família, geram sofrimento humano4.


Dentre as CRCs, a DPOC é a segunda mais prevalente. No Brasil, de acordo com uma  revisão sistemática e metanálise a prevalência, é estimada em  15,8% em adultos maiores de 40 anos5 e se constitui como um grupo de condições respiratórias, que inclui a bronquite crônica e o enfisema pulmonar, caracterizadas por obstruir cronicamente as vias aéreas, e estão intimamente relacionadas ao tabagismo e a queima de biomassa, principalmente o uso de fogão à lenha6. A bronquite crônica é definida como tosse produtiva, por ao menos três meses ao ano, por dois anos consecutivos. O enfisema pulmonar é a destruição do parênquima pulmonar, acarretando a perda da retração elástica dos septos alveolares e da tração radial das vias respiratórias, o que aumenta a tendência ao colapso destas e diminuição da troca de gás carbônico por oxigênio no corpo. É sucedido por hiperinsuflação pulmonar, limitação do fluxo aéreo e aprisionamento de ar6.


 O diagnóstico da DPOC baseia-se na história, no exame físico, na radiografia do tórax e nos testes de função pulmonar. O tratamento é principalmente com broncodilatadores e corticoides, se necessário, além de oxigênio e antibióticos para alguns casos. Utilizam-se procedimentos de redução do volume pulmonar ou transplante de pulmão na condição avançada6. Complementarmente, a fisioterapia respiratória, a oxigenoterapia e/ou a ventilação não invasiva, de acordo com a gravidade clínica e a indicação profissional, configuram estratégias fundamentais para a atenuação dos sintomas respiratórios, a promoção da qualidade de vida e a redução do risco de mortalidade7,8. Porém, dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013 evidenciaram que as prevalências de tratamentos para o manejo da DPOC no Brasil estavam aquém do ideal, sendo o principal tratamento o medicamentoso, seguido de oxigenoterapia e fisioterapia7.


A sobrevida na DPOC está relacionada com a gravidade da limitação do fluxo aéreo, a frequência das exacerbações e a presença de comorbidades. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a DPOC é a terceira causa de morte no mundo, com registro de 3,23 milhões de óbitos em 2019. No Brasil, a condição representa a quinta causa de morte em todas as idades e, entre 2010 e 2018, apresentou uma taxa de mortalidade anual de 51,5 a cada 100 mil habitantes, na população geral9


A asma é a CRC mais prevalente no Brasil e no mundo1,2. Consiste em uma condição inflamatória crônica que atinge as vias aéreas inferiores aumentando a responsividade dessas vias a diferentes estímulos10. No ano de 2021, essa condição teve a maior taxa de prevalência por idade padronizada globalmente, atingindo 3340,1 casos a cada 100,000 pessoas com 260,1 milhões de casos1. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que 10% da população tenha a condição e, dentro da faixa etária dos escolares, a prevalência varia de 16,1% a 20%11,12. Além disso, uma pesquisa indicou que na América Latina os países com menor índice sociodemográfico (ISD) apresentam maiores taxas de Anos de Vida Ajustados por Incapacidade por Asma no ano de 2019 comparada a países com maiores índices evidenciado o impacto das desigualdades sociais na saúde pública13.


Segundo o Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Asma o diagnóstico é feito a partir de critérios clínicos e funcionais, obtidos pela anamnese, exame físico e exames de função pulmonar, sendo que em crianças até 4 anos o diagnóstico é clínico devido dificuldade de realização de provas funcionais. Alguns dos sinais e sintomas comuns de asma incluem: sibilos expiratórios, chiado no peito, tempo expiratório prolongado e  tiragem intercostal. Em crianças, além dos achados clínicos do exame físico pode ser observado sinais de atopia associados, como rinite alérgica, dermatite atópica/eczema e conjuntivite alérgica10. Destaca-se que atualmente o Ministério da Saúde está com uma consulta pública aberta para atualização do novo PCDT de asma.


De acordo com PCDT, o tratamento da asma pode ser dividido em duas modalidades: o não medicamentoso e o medicamentoso10. O primeiro consiste em medidas de educação em saúde como educar a pessoa com CRC sobre o uso correto do dispositivo inalatório com técnica adequada e como reconhecer os fatores desencadeadores de crises. Já o tratamento medicamentoso consiste no uso de medicamentos baseados na gravidade do quadro, preferência e acesso10. Os medicamentos podem ser divididos  em controladores ou de manutenção e de alívio ou resgate. Os medicamentos de controle são a base do tratamento e possuem atividade anti-inflamatória, como: corticóide inalatório (CI),  associação com beta 2 agonistas de longa duração (LABA) e os imunobiológicos. Os medicamentos de alívio ou resgate atuam rapidamente no alívio dos sintomas e na reversão da broncoconstrição, principalmente os beta 2-agonistas inalatórios de curta duração (SABA), além dos antimuscarínicos de curta ação (SAMA) e, eventualmente, corticoterapia sistêmica10


Também caracterizada como CRC, a rinite crônica é uma inflamação persistente da mucosa nasal que dura mais de 12 semanas. Essa condição é considerada a condição alérgica mais comum em crianças com prevalência média de 18,1% na América Latina3. Estudo realizado em Uruguaiana demonstrou que foram fatores associados à rinite alérgica em adolescentes: fazer pouco exercício físico e consumir carne diariamente3. Os sintomas incluem obstrução nasal, espirros, coceira, coriza e lacrimejamento. A adequada anamnese e exame clínico identificam sem muitas dificuldades os sinais de rinite, tais como: hipertrofia e palidez dos cornetos inferiores, e secreção hialina. O tratamento consiste na remoção ou na prevenção do contato com alérgenos, entretanto, a terapêutica farmacológica é frequentemente necessária. O emprego de medidas simples, como lavagem nasal com solução salina ou a adição de anti-histamínico tópico ou oral associado a uma baixa dose de corticóide intranasal, pode ajudar no controle da rinite14.


Outra condição relevante é a polipose nasossinusal, condição inflamatória crônica da mucosa nasal e dos seios paranasais, caracterizada pela presença de pólipos, geralmente bilaterais15. A condição mais associada a esse quadro é a rinossinusite crônica, mais especificamente o subtipo denominado Rinossinusite Crônica com Pólipos Nasais16. O diagnóstico de pólipos nasais geralmente se baseia na visualização direta das estruturas suspeitas no exame físico. O exame com espéculo nasal é o primeiro método utilizado. Se houver suspeita de pólipos mais profundos ou se o vestíbulo nasal for estreito, a endoscopia (rinoscopia) pode ser realizada. A rinoscopia anterior é considerada o padrão-ouro para o diagnóstico de pólipos nasais. Exames de imagem podem ser necessários em alguns casos, especialmente para avaliar a extensão do envolvimento. O tratamento de pólipos nasais engloba abordagens medicamentosas e cirúrgicas. O tratamento médico inclui corticosteróides nasais e orais, que reduzem a inflamação, anti-histamínicos para aliviar os sintomas alérgicos e os mais recentes; biológicos, em casos que não respondem às outras abordagens terapêuticas. Em casos mais graves, a cirurgia, como a polipectomia, pode ser necessária para remover os pólipos16.


Atualmente, não existe um PCDT direcionado para a polipose nasal e rinossinusite crônica.

Segundo estudo de revisão sistemática, a prevalência global combinada de rinossinusite crônica (RSC) e RSC com pólipos nasais (RSCcPN) foi de 8,71% (número de estudos, 20) e 0,65%  (número de estudos, 4), respectivamente. A prevalência de RSC foi maior na Europa em comparação com a América do Norte, América do Sul e Ásia; adultos em comparação com crianças; fumantes em comparação com nunca fumantes; aqueles com obesidade em comparação com peso normal; e aqueles com comorbidades como asma, diabetes mellitus, eczema e desvio do septo nasal. A prevalência combinada de SRC aumentou de 1980 a 2020 (1980-2000: 4,72%; 2014-2020: 19,40%)17.


Diante desse panorama, a elaboração de estratégias integradas de prevenção, diagnóstico e tratamento, aliadas à implementação de políticas públicas são essenciais para a ampliação do diagnóstico,  acesso e da qualidade da assistência em saúde. Norma estabelece que o Ministério da Saúde, assessorado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), é responsável por avaliar e deliberar a inclusão, exclusão ou alteração de medicamentos, produtos e procedimentos, além da formulação ou atualização dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT). No caso da DPOC, a  Portaria SCTIE/MS nº 66, de 28 de dezembro de 2020, consolidou a incorporação de tecnologias voltadas para o tratamento da DPOC6. Ademais, neste ano há expectativa de atualização do PCDT de DPOC que teve consulta pública realizada entre os meses de maio e junho.


Ademais, em junho de 2025, o Governo do Estado de Minas Gerais, aprovou a Lei nº 25.301 estabelecendo diretrizes para as ações do Estado voltadas para a prevenção de condições respiratórias graves e para a assistência a pessoas com CRC acometidos por essas condições. Dentre o estabelecido pela lei, tem se: organização da rede de assistência ao pessoas com CRC com condição respiratória grave, conforme as diretrizes do Ministério da Saúde, visando à prevenção de complicações respiratórias; garantia de assistência integral a pessoas com CRC com condição respiratória grave; fomento à atuação interdisciplinar nas linhas de cuidado18.


No Brasil, os desafios para o enfrentamento das condições respiratórias crônicas permanecem profundos e urgentes. O subdiagnóstico, o acesso desigual a serviços e medicamentos19, a baixa adesão ao tratamento20 e o uso inadequado de terapias agravam o panorama atual dessas enfermidades no país20. Esses obstáculos estão ligados a fatores sociais e ambientais, como o tabagismo, uso de fogão à lenha e a poluição do ar. A prevenção das condições respiratórias envolve uma combinação de medidas de estilo de vida e cuidados com a saúde. O combate ao tabagismo, principal fator de risco para diversas CRCs, é igualmente importante. Além disso, manter um ambiente saudável, livre de poluentes como poeira e fumaça, protege o sistema respiratório que, aliado à prática de atividade física regular e a uma alimentação equilibrada, contribui para fortalecer o sistema imunológico e preservar a saúde pulmonar21.


Ressalta-se também a necessidade de implementação e regulação dos PCDTs e linhas de cuidado a nível municipal e estadual. Apesar de já existirem os PCDTs de Asma e DPOC, segundo um monitoramento pela Associação Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Pulmonar e Doenças Correlatas (ABRAF) até agosto de 2024 somente 19 e 14 unidades federativas tinham regulamentado o PCDT de DPOC e asma em nível estadual, respectivamente22. Esse cenário demonstra a necessidade de cooperação entre os entes federativos na implementação e regulação dos PCDTs.


Em relação aos fatores de risco, o tabagismo é um dos principais fatores para as Condições Crônicas Não Transmissíveis, incluindo as condições respiratórias crônicas23. Estudo indicou que o tabagismo ocupa a quarta posição entre os maiores fatores de risco para carga de condições no mundo e a primeira posição para condições como DPOC e asma23. Nos últimos anos, o Brasil conseguiu por meio de políticas públicas diminuir a prevalência do uso de tabaco entre os adultos, porém estudo indica que o consumo de cigarro entre adolescentes e jovens está estável e houve aumento do consumo de outros produtos do tabaco como narguilé e cigarro eletrônico entre os anos de 2015 e 201923. Entre os riscos, um estudo indica que o uso de cigarro eletrônico pode ocasionar no desenvolvimento de DPOC, asma, hipertensão pulmonar, síndrome do desconforto respiratório agudo e Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarro Eletrônico24. Este cenário indica a necessidade de implementação de políticas públicas para promoção e prevenção da saúde na adolescência e entre os jovens adultos.


              Além do uso do tabaco, são fatores de risco para as CRCs: poluição ambiental por Material Particulado, poluição do ar doméstico por combustíveis sólidos e exposição ocupacional a Material Particulado, gases e fumos1. Nessa perspectiva, é relevante considerar o papel das mudanças climáticas na piora desses fatores devido a intensificação da poluição atmosférica, aumento das temperaturas e aumento da frequência de eventos climáticos extremos25. Nesse cenário, o público mais sensível aos fatores de risco intensificados pela mudança climática inclui: crianças, pessoas com mais de 60 anos de idade, grupos empobrecidos e pessoas em regiões com adaptabilidade limitada25. Diante disso, esforços intersetoriais são necessários para o enfrentamento das CRCs. Como exemplo, pode-se citar a importância da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30) realizada em Belém do Pará26.


              Ademais, destaca-se que as mudanças climáticas podem aumentar as infecções respiratórias virais, a categoria mais comum de doenças infecciosas27. Um estudo aponta que as ondas de calor e secas podem causar lesões pulmonares em pessoas que já apresentam alguma CRC como DPOC ou asma devido ao aumento de poluição no ar, o que aumenta o risco de uma infecção respiratória27. Esse cenário indica a necessidade de fortalecer as ações de imunização, especialmente, no público mais vulnerável como: Crianças (<5 anos), idosos (≥65 anos), gestantes, indivíduos imunocomprometidos e aqueles com condições cardiopulmonares27.


Nessa perspectiva, são necessários esforços conjuntos para a diminuição da morbimortalidade associada às CRCs. Dentre os fatores de risco, o tabagismo e os fatores ambientais intensificados pelas mudanças climáticas representam os maiores desafios. Além disso, deve-se levar em consideração os determinantes sociais em saúde que interferem principalmente no acesso ao tratamento medicamentoso e diagnóstico dessas condições e a necessidade de integração de atividades entre os níveis de atenção e entes federativos para assistência de saúde integral às pessoas com CRC.


Ademais, este documento abrange recomendações que consideramos fundamentais, as quais detalharemos a seguir:

 

I - Elaboração de Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Rinite, Rinossinusite e Polipose nasal e atualização periódicas dos PCDTs já existentes como Asma e DPOC.

II - Intensificar ações de promoção e prevenção à saúde em relação ao uso do tabaco, sobretudo do cigarro eletrónico, na população jovem.

III - Fortalecer esforços intersetoriais diante da intensificação dos fatores de risco ambientais intensificados pelas mudanças climáticas.  

IV -  Ampliar o acesso aos medicamentos para o tratamentos das CRCs na atenção primária e farmácia popular, incluindo as combinações de corticoide inalatório e broncodilatadores de longa duração, considerando as desigualdades encontradas no país.

V – Investir em capacitação profissional contínua, garantindo que profissionais de saúde da APS dominem protocolos atualizados para diagnóstico precoce, cuidados, tratamento e prevenção.

VI – Fortalecer campanhas de educação em saúde, para diferentes faixas etárias e grupos sociais, especialmente para populações jovens e vulneráveis, sobre prevenção e engajamento nos autocuidados.

VII – Garantir financiamento adequado e sustentável para linhas de cuidado em CRCs, reduzindo desigualdades regionais.

VIII - Fortalecer que a Atenção Primária deve ser a porta de entrada para diagnóstico, manejo e acompanhamento, e que sem financiamento e capacitação adequados não será possível mudar o quadro.

              IX- Reforçar a necessidade de investimento em pesquisa nacional (ensaios clínicos, avaliação de programas, inquéritos populacionais) para subsidiar políticas públicas.

X - Sugerir monitoramento de indicadores como: proporção de diagnósticos precoces; número de internações evitáveis; cobertura de reabilitação pulmonar; acesso a medicamentos essenciais.

XI- Colaborar com outros setores a fim de inserir conteúdos sobre prevenção do tabagismo, impactos da poluição e autocuidado em currículos escolares.

XII - Colaborar com outros setores a fim de estimular políticas de redução da pobreza, já que más condições de vida aumentam a vulnerabilidade às CRCs.

XIII - Garantir acesso equitativo a medicamentos, exames diagnósticos e programas de reabilitação respiratória, introduzindo e/ou ampliando programas como o Tele-Espirometria e o AbraçAr.

XIV - Criar fóruns de discussões permanentes que envolvam saúde, meio ambiente, educação, transporte, habitação e assistência social para formular ações conjuntas.

XV - Estimular cooperação entre municípios, estados e União para alinhar estratégias para priorizar famílias vulneráveis e em áreas de risco ambiental (inundações, poluição industrial) e garantir reassentamento digno, em locais com acesso a serviços de saúde, transporte e saneamento.

XVI - Estimular cooperação entre municípios, estados e União para a implementação e regulação dos PCDTs e linhas de cuidados a pessoas com CRC já existentes, como o PCDT de DPOC e Asma.

XVII - Estimular a educação comunitária em saúde ambiental com orientação dos moradores sobre práticas simples para melhorar ventilação e reduzir mofo (uso de janelas, evitar acúmulo de umidade, manutenção preventiva) e trabalhar esse conteúdo em escolas, unidades de saúde e campanhas públicas.

XVIII - Fortalecer ações de vacinação contra infecções respiratórias, especialmente para a população mais vulnerável: crianças, gestantes, indivíduos com mais de 60 anos de idade, imunocomprometidos e aqueles com condições cardiopulmonares.


Diante do exposto, reconhecemos a necessidade de união de esforços entre gestores, profissionais de saúde, pesquisadores e a sociedade civil, a fim de transformar a realidade das condições respiratórias crônicas no Brasil. A superação desse cenário depende de políticas públicas firmes, acesso equitativo e de uma rede de cuidado que coloque as pessoas com CRC no centro, participando ativamente nas decisões para programas e políticas que as afetarão.


              Despedimo-nos reafirmando, como FórumCCNTs, entidades e especialistas participantes, estarmos à disposição para colaborar para ações e políticas que permitam melhorar o atual cenário das condições respiratórias crônicas em nosso país.

Na expectativa de um breve retorno, agradecemos a atenção e solicitamos a concessão do número de protocolo referente a este expediente, informação essencial para que possamos acompanhar seu trâmite.

10/10/2025

Respeitosamente,

 

Mark Barone, PhD

Fundador e Coordenador Geral

Fórum Intersetorial de CCNTs no Brasil (FórumCCNTs)

 

Ana Carolina Micheletti Gomide Nogueira de Sá, PhD

Professora Adjunta Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública

Escola de Enfermagem da UFMG

 

Angela Honda de Souza, MD

Médica Pneumologista

Diretora Executiva e Líder de Programas Educacionais da Fundação ProAR

 

Beto Carvalho

CEO, Soulbeegood

Co-Fundador do Vertentes Ecossistema de Saúde Mental

Environment Co-Chair do Global Mental Health Action Network

 

Bianca Blanco

Nutricionista, Docente e Mestranda em Saúde Coletiva

Membro da diretoria e 2ª tesoureira na Associação Paulista de Nutrição - APAN

 

Caroline Conte

Diretora de Relações Governamentais

Sanofi Brasil

 

Carlos Felipe Figueira Nogueira, MD

Médico Pneumologista

SMS-Joinville

 

Elaine Mateus

Linguista

Presidente da Federação Brasileira das Associações de Alzheimer


Elton Junio Sady Prates, BSN

Secretário Geral

Associação Brasileira de Enfermagem Seção Minas Gerais

 

Emanuhel Monteiro Rodrigues

Advogado

Coordenador de Projetos e Advocacy

Instituto Nacional de Apoio às Pessoas com EspondiloArtrites (INAPE)

 

Emilio Pizzichini, MD, PhD

Presidente do Comitê de Asma

Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT)

 

Fabrício Prado Monteiro, MD

Médico especialista em Pediatria e em Alergia e Imunologia pela ASBAI

Professor assistente de Imunologia básica e Genética Médica da faculdade de medicina da Universidade Vila Velha (UVV-ES)

 

Fátima Rodrigues Fernandes 

Presidente

Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI)

 

Gabriel Soares Damaceno

Estudante Bolsista de Iniciação Científica prpq/UFMG/CNPq

Escola de Enfermagem da UFMG

 

Gabriela Pimentel Pinheiro, RN, PhD

Gerente administrativo-financeiro e pesquisadora

Fundação PROAR

 

Gustavo San Martin

Fundador

Associação Crônicos do Dia a Dia - CDD

 

José Henrique Pereira Pinto

Alergista e Imunologista

Prof. Emérito da Faculdade de Medicina de Itajubá

 

Juliana Franceschini

Fisioterapeuta

Líder de projetos da Fundação ProAR

Líder do GT Condições Respiratórias Crônicas do FórumCCNTs


Marcelo Nunes Cardoso, MD                                                                                                

Coordenador

Ambulatório de Asma Grave no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Itapetininga-SP e do projeto InspirAR

 

Marlise Araujo dos Santos, PhD

Farmacêutica

Founder & CEO da MyDIGICARE

 

Melyne Serralha Rocha, MSc

Diretora da Rede de Saúde

Missão Sal da Terra

 

Michely Arruda Bernardelli

Enfermeira

Presidente da Associação Doce Vida

Facilitadora do GT Diabetes do FórumCCNTs

 

Milena Cristina Vita, MD, MBA

Médica Pneumologista Pediátrica

Líder de Assuntos Médicos, Boehringer Ingelheim

 

Monica Aragão

Gerente de Relações Governamentais e Advocacy

Sanofi

 

Patrícia Vieira de Luca, MSc.

Profissional de Educação Física

Co-fundadora do Grupo de Advocacy em Cardiovascular

 

Paulo César Rodrigues Pinto Corrêa, MD, MPH

Coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia Gestão 2021-2024

Coordenador docente da iniciativa global Education Against Tobacco (EAT) no Brasil 

Co-founder and former director of the ACT Tobacco Control Alliance

Professor  Adjunto do Departamento de Clínicas Pediátricas e do Adulto, Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP – Ouro Preto,MG

 

Raissa Cipriano

Especialista em Advocacy e Políticas Públicas - FGV

Diretora Executiva da ASBAG - Associação Brasileira de Asma Grave

 

Raissa Mourão Marques da Silva

Estudante Voluntária de Iniciação Científica

Escola de Enfermagem da UFMG

 

Rodrigo Scabello, MD

Núcleo Médico Científico

Achè

 

Rosane da Silva Alves Cunha, MSc

Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Respiratória (COFFITO/ASSOBRAFIR)

Prefeitura Municipal de Volta Redonda RJ

Pesquisadora UERJ Zona Oeste

Co-facilitadora do GT de Infarto e AVC, FórumCCNTs

 

Sergio Mena Barreto

Presidente-executivo

Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias

 

Sonia Maria Martins, MD

Médica de Família e Comunidade

Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa Respiratória na Atenção Primária à Saúde (GEPRAPS), do Centro de Estudos de Saúde Coletiva (CESCO da FMABC)

 

Tânia Marta de Sousa Pinto

Fisioterapeuta

CEJAM / SECONCI -SP 

 

 Referências:

 

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  9. Ministério da Saúde. RELATÓRIO PARA SOCIEDADE informações sobre recomendações de incorporação de medicamentos e outras tecnologias no SUS:  FUROATO DE FLUTICASONA/BROMETO DE UMECLIDÍNIO/TRIFENATATO DE VILANTEROL para o tratamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) grave a muito grave (GOLD 3 e 4) com perfil exacerbador e sintomático (Grupo D). Brasil. 2024.

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